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Todo ano se inicia como portador de esperanças renovadas, trazendo oportunidades transformadoras e abrindo caminho para melhores chances e perspectivas. Esse é o tempo de refletir sobre os últimos doze meses e imaginar estratégias que determinem uma melhoria geral de vida. É também a hora de se ter a coragem para fazer escolhas responsáveis para 2010.
As pessoas se sentem fortalecidas com a chegada de um novo período, e corajosamente encaram as conhecidas "resoluções de Ano-Novo". "É nesse ano que eu deixo de fumar", "Daqui para frente não brigo mais com minha família", "Agora, em 2010, eu começo o curso", "Na primeira semana de janeiro, inicio minha dieta", "Caso-me nesse ano ou vou procurar outra pessoa", "Em 2010 vou economizar e parar de comprar por impulso", são apenas algumas das frequentes e necessárias decisões, para um ano que se inicia.
Talvez porque essas resoluções dependam apenas da nossa vontade, elas sempre têm como alvo nós mesmos, com nossas dificuldades pessoais. Devemos, porém, nesse inventário de resoluções, incluir outro ser, enorme e vivo, que depende totalmente das nossas decisões: o planeta Terra.
Quase no final dessa primeira década do Terceiro Milênio, o que constatamos é que o planeta vem há séculos sendo devastado pela própria ação do homem. O desgaste torna-se evidente e se traduz em catástrofes cada vez mais frequentes, que assolam todas as regiões do planeta. Ondas tsunami, vendavais, furacões, tempestades e tornados nos fornecem uma clara demonstração de que é necessário proteger nossa morada, nossa casa, que é a Terra inteira, mais o sistema solar e o infinito.
Assim, na nossa listinha de "Resoluções para 2010" é indispensável dedicar um item para o Planeta Terra e começar a se dedicar com mais seriedade aos problemas do meio ambiente: reciclar e dar destino adequado ao lixo, fazer o maior uso possível de elementos biodegradáveis, evitar desperdício de energia e água, tentar uma agricultura cada vez mais orgânica e sem uso de agrotóxicos nocivos ao terreno e à saúde e ter uma vida o mais natural possível, devem ser o objetivo de todas a espécie humana.
Se todo o povo da Terra tomar consciência da importância que tais comportamentos apresentam uma salvação, a partir dos cuidados com o ecossistema, a vida no Planeta estará protegida. Cada um fazendo sua parte, em sintonia com os demais, contribuirá corretamente para a preservação da vida.
Vamos incluir o respeito e a atenção à nossa "casa", que é a Terra inteira, na lista de nossas "boas resoluções de Ano-Novo", e tentar o máximo para preservá-la. Só assim, ela será para todos muito mais do que uma casa. Ela será nosso verdadeiro lar.
O colhereiro rosado quase se extinguiu um século atrás devido à caça excessiva, motivada por suas penas rosadas que eram usadas para adornar chapéus femininos
18 de dezembro de 2009
Foto: The New York Times
Vinte anos atrás, o observador de pássaros americano Theodore Cross fez uma viagem que o levou a atravessar 16 fusos horário e o transportou de Nova York a Moscou, Irkutsk e Yakutsk, na Rússia, antes de se encerrar na tundra, no delta de Kolyma, nordeste da Sibéria. Seu objetivo era a muito almejada observação de uma ave ártica, a gaivota de Ross. Cross conseguiu avistar uma dessas gaivotas, mas o ninho da ave foi ocupado por um mandrião ártico parasitário antes que o pesquisador pudesse retornar com sua teleobjetiva. A viagem terminou em fracasso.
Passadas duas semanas, algo de completamente inesperado aconteceu: uma gaivota de Ross apareceu em Baltimore. Milhares de observadores de pássaros convergiram imediatamente no local, em busca da oportunidade de observar um espécime raríssimo.
"É o pássaro que atraiu 20 mil binóculos", diz Cross. "Waterbirds", o livro de 344 páginas que ele está lançando, é uma mistura de enciclopédia visual e de suas memórias de quase meio século de observação de pássaros. Em retratos íntimos de pequenas aves como a seixoeira ou de pássaros "grandes como vagões de trem", a exemplo do maçarico-de-bico-direito, e em relatos de suas experiências pessoais como observador de pássaros, Cross, 85, descreve a maneira pela qual passou a primeira metade de sua vida completamente desatento às aves, apenas para se tornar um de seus mais ardorosos fotógrafos e defensores já depois dos 40 anos de idade. Agora, escreve o autor, "as lembranças que tenho deles me ajudam a aceitar a brevidade do tempo que ainda me resta".
Entre os pássaros favoritos de Cross está o colhereiro rosado, que quase se extinguiu um século atrás devido à caça excessiva, motivada por suas penas rosadas que eram usadas para adornar chapéus femininos. A espécie está em recuperação. O rabo-de-palha da ilha Christmas é conhecido por seu voo acrobático. Ao meio-dia, conta Cross, "eles sobem ao céu e se dedicam a piruetas inacreditáveis, e praticam cambalhotas aéreas fazendo um barulhão ensurdecedor".
O maçarico-de-bico-direito realiza uma travessia anual de 10,9 mil quilômetros, do Alasca à Nova Zelândia, sem comida, água ou repouso, uma façanha que Cross define como "um dos milagres da natureza". E o pilrito-semipalmado, um pássaro pequeno o bastante para caber em uma xícara de chá, migra da América do Sul ao Ártico, "atravessando tempestades e furacões, montanhas e oceanos".
O trinta-réis-branco é uma ave incrivelmente amistosa. "Se você visitar qualquer ilha do Pacífico Sul", ele afirma, "logo se verá cercado por uma dúzia ou mais dessas pequenas aves, que se aproximam para cumprimentá-lo". Cross espera que um dia ainda seja capaz de capturar a foto perfeita, que ele descreve como "duas garças avermelhadas praticando o seu ritual de cortejo, com suas fantásticas penas distendidas e apontadas para o céu".