quinta-feira, 2 de julho de 2009


Tô indo...

Hoje eu vou sair de casa,
Levando na mala bastante saudade,
Levo também o meu violão,pra não sentir solidão.
Vou parar no botequim da esquina e beber uma pinga,que é pra não perder o costume.
Tenho que me despedir da turrma,antes que o ônibus da 11h chegue,
Se eu o perco, só amanhã de manhã,como diz a música do Adoniran Barbosa.
Mas não posso demorar; corro o risco do meu senhorio me encontrar
Aí, tô ferrado: devo dois meses de aluguel.
Fazer o quê...fiquei desempregado.
Não sou de enganar ninguém; sou do bem.
Acontece que não escutei meu pai.
Ele sempre dizia que, nesse país, só político e banqueiro se dá bem na vida.
Eu, ingenuamente, quis ser doutor.
Logo desisti; não tinha vocação pra profissão.
Fui ser outra coisa.
Um dia conheci a Isaura; foi aí que me dei mal.
Logo nasceu o João, a Maria, o Pedro e a Rosinha.
Pra encurtar a história: a Isaura me mandou embora.
Disse que tava cansada de sustentar vagabundo
Eu, vagabundo...que injustiça!
Trabalhava de noite e dormia de dia; "ossos do ofício"
A minha profissão: toco violão, sou cantor, e dos bons!
A Isaura nunca entendeu o dom que Deus me deu.
Eu nasci pra alegrar os meus irmãos.
Eu dizia pra ela: meu bem, dinheiro não é tudo nessa vida.
Mas a Isaura não me compreendia.
O resto vocês podem imaginar...
Bem, tô indo; lá vem o das 11h