quinta-feira, 13 de agosto de 2009


Parece que foi ontem


Parece que foi ontem...mas faz muito tempo.
O dia estava chuvoso e frio,
A cor era cinza e tinha gosto de melancolia.
Vesti minha capa e peguei o guarda-chuva.
Desci as escadas e dei na avenida.
Por causa da chuva, o trânsito era um caos.
Serpenteei entre os automóveis; esbarrei nos transeuntes,
Que confusão!
Olhei pro relógio; atrasado outra vez.
Cheguei na estação do metrô.
Lá foi o trem, agora era esperar pelo próximo.
Sentei-me num banco; abri o jornal.
Senti que alguém tocava meu braço, virei-me,
Ali estava ela, toda molhada a olhar para mim.
Seus olhos eram da cor do céu daquela manhã,
A boca era vermelha e apetitosa,
Igual a maçã do amor.
Quem seria aquela mulher...
Voltei à realidade, quando ouvi sua voz ,
Delicada e macia, tal qual um veludo:
Por favor, você tem horas?
Sim, eu tinha.
A partir daí, eu teria todas as horas só para ela.
Os dias se passaram; meses, e eram só de felicidade!
Maria era minha alegria, a razão de viver.
Eu acordava e dormia...dormia e acordava, e lá estava Maria.
Não vi os anos passarem, porque com Maria esquecia do tempo.
Não me dei conta que os amigos haviam ido; quando?
Mas pouco importava; eu tinha Maria!
Os colegas do serviço ganharam promoção,
Eu continuava com o mesmo salário.
Dinheiro pra quê, se eu tinha Maria.
Então, numa tarde, tudo mudou
Foi aí, que comecei a morrer.
Chamei por Maria.
Ela não respondeu.
Procurei-a por toda casa, mas Maria não estava.
Estava na porta da rua, quando vi o papel debaixo do porta-retato.
Era um bilhete, e a letra era de Maria.
Assim, estava escrito:
Preciso partir, desculpa se não me despeço,
Estou com muita pressa.
Eu li e reli, por horas a fio, o bilhete de Maria.
Novamente não vi o tempo passar.
Hoje, encontro-me aqui, no mesmo lugar onde conheci Maria,
Espero sentado, no mesmo banco, a volta dela.
Um instante...
Pensei que fosse Maria!